Existem muitos fatores que podem colocar em risco a saúde e a segurança do
trabalhador dentro de uma oficina mecânica, desde produtos perigosos até
poluição sonora e a disposição irregular de equipamentos e peças. Assim como
outros assuntos que antes eram deixados de lado, a preocupação com a
integridade dos profissionais da reparação nos dias atuais mudou muito, sendo
que,hoje este aspecto já é parte obrigatória da rotina das oficinas.
Em primeiro lugar devemos lembrar que o
Ministério do Trabalho e a legislação em vigor exigem que os empresários
forneçam material de proteção e treinamento para os seus funcionários, que
têm a obrigação de usá-los. O problema é que muitas vezes os equipamentos não
são disponibilizados, e em muitas outras vezes o próprio funcionário se
recusa a utilizá-los.
O cuidado começa ao receber o veículo na oficina e depois existe uma
seqüência de processos: avaliação, preparação, conserto, limpeza e entrega do
veículo. "Em todas as fases a segurança e os cuidados com a saúde devem
ser colocados em prática", alerta José Palacio, do IQA (Instituto da
Qualidade Automotiva).
Ele explica que a lei recomenda itens básicos,
como nível de iluminação adequado, equipamentos coletivos de proteção (EPC) e
os individuais (EPI).Além disso, é importante um lay out interno da área do trabalho
com as devidas sinalizações e um fluxograma que determina a entrada do carro
até a saída.
Uma seqüência lógica no lay out da oficina, por
exemplo, reduz o tempo de trabalho e minimiza riscos de acidentes, afinal o
trabalhador não precisa ficar andando de um lado para o outro
desnecessariamente. "Acidentes custam caro, então essas ações acabam
repercutindo em benefício financeiro para o empregador e em bem estar para os
funcionários", analisa.
O ambiente de trabalho em geral deve ser
estruturado para também resguardar a integridade do funcionário. Um bom
sistema de exaustão para expelir os gases corretamente, iluminação adequada,
áreas específicas para certas tarefas, como bancadas e cavaletes para
desmontar peças. "Muitas oficinas não dispõem de uma bancada própria
para a desmontagem de motores, fazendo-o no chão, mas isso além de ser
tecnicamente errado, põe em risco a saúde dos funcionários, que acabam com o
tempo tendo problemas graves de coluna".
"Além disso, a manutenção preventiva das
instalações deve ser feita regularmente: como a substituição de lâmpadas
queimadas, verificação do estado da fiação elétrica e das tomadas, manter o
local de trabalho limpo, o piso deve estar sempre alinhado, pias e ralos
desentupidos, eliminando vazamentos se existirem, providenciar a instalação
de ventiladores onde for necessário e manter portas e acessos livres",
comenta Palácio, que comenta também que esses quesitos são partes do processo
de certificação durante a auditoria.
O IQA recomenda conferir também se os hidrantes
encontram-se desimpedidos e se as mangueiras de água estão guardadas em
locais apropriados, o que é uma exigência do Corpo de Bombeiros. É importante
ter um vestiário com armários para guardar as roupas entre outros itens de
conforto e higiene para o funcionários, como um chuveiro.
"O empresário ganha com estas iniciativas,
pois o cliente tem uma boa impressão do local e os funcionários sentem-se
mais motivados", afirma.
Em situações de emergência e em casos de
acidentes, a oficina deve ter uma caixa de primeiros socorros com
anti-séptico (merthiolate), esparadrapo, algodão, curativo pronto (band aid),
etc - lembrando que qualquer medicação é proibida. É importante ter também um
convênio com hospitais e os telefones do corpo de bombeiros, ambulância,
polícia, resgate e o endereço da oficina sempre em um local de fácil
visualização.
Se a empresa for de grande porte, dependendo do
número de funcionários é obrigatório manter um enfermeiro ou um médico com
enfermaria para atendimento dos funcionários em caso de alguma emergência.
Isso tudo, está contemplado em leis e portarias específicas que regulamentam
cada situação.
EPI x lei
Para evitar problemas com o ministério do
trabalho é obrigatório que o empresário disponibilize para seus
trabalhadores, além dos EPCs e das devidas manutenções do ambiente de
trabalho, os equipamentos de proteção individual, também conhecido por EPIs.
Óculos, luvas, creme protetor para as mãos, protetor auricular, sapatos
específicos e outros objetos que são extremamente importantes na hora de
revisar ou reparar um veículo.
"Prover os equipamentos, assim como o devido
treinamento para uso, é de responsabilidade do empregador, mas é obrigação do
funcionário utilizá-los de forma correta, o que nem sempre acontece. Muitos
funcionários se recusam a utilizar os EPIs, por não entender que essa prática
vai resguardar sua integridade física e sua segurança no dia-a-dia do
trabalho. É uma questão de conscientização", afirma Palácio.
O funcionário que descuida do uso dos
equipamentos de proteção, apesar de tê-los recebido, pode receber uma
advertência do empregador. "O funcionário recebe o EPI e assina um
documento que comprova o recebimento dos mesmos e também o treinamento para
uso do mesmo".
Palacio explica que prezar pela saúde do trabalhador
também evita acidentes e hoje muitas oficinas iniciam o dia com um exercício
físico, o que além de ajudar na sua saúde ainda o deixa mais disposto, e mais
motivado para o trabalho. .
"Quando o funcionário está com mais
disposição, ele ganha qualidade de vida e melhora sua produtividade. Tudo
isso diminui o risco de acidentes e proporciona mais descontração na área de
trabalho, criando assim um ambiente agradável".
É importante lembrar que
acima de 50 funcionários a empresa é obrigada a constituir a CIPA (Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes), que tem a função de observar e relatar
condições de risco nos ambientes de trabalho, solicitar medidas para reduzir
e até eliminar os riscos existentes, discutir os acidentes ocorridos,
encaminhando aos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho e ao empregador o resultado da discussão, solicitando
medidas que previnam acidentes semelhantes e ainda orientar os demais
trabalhadores quanto à prevenção de acidentes, para que todos trabalhem sem
riscos. A fiscalização sobre o uso do EPI fica por conta de empresário e é
uma garantia para evitar processos posteriores com funcionários que venham a
apresentar problemas de saúde no futuro.
"A utilização dos EPIs por parte dos funcionários
é uma questão de amadurecimento desta filosofia, como o cinto de segurança,
que antes ninguém usava e hoje já faz parte da rotina do motorista. Tem que
ser trabalhada a maturidade para que tanto o empresário quanto o trabalhador
sintam a necessidade de como é importante usar os equipamentos. Criar o
hábito. Afinal, os benefícios são para eles mesmos", comenta.
Na questão de segurança e saúde o ponto forte da
auditoria, no caso das oficinas certificadas, são as manutenções preventivas
de iluminação, ligações elétricas, equipamentos, ferramentas e limpeza.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário